Com o volume sempre no máximo, ela ri e fala alto — especialmente quando o som para do nada e ela solta algo totalmente inapropriado. Sem explicações, se lembra dos jingles da TV brasileira desde 1998 — e contando. Como efeito colateral dos litros de Biotônico Fontoura tomados na infância, hoje também aprecia um bom vinho... Paladar treinado desde cedo. É sagaz e opera em múltiplas tarefas com a eficiência de uma mulher. Enquanto resolve três coisas ao mesmo tempo, se lembra que o slogan da Kolynos mudou em 2003.
O oposto. Calmo, metódico, gentil. Ele toca guitarra como se fosse a trilha sonora da vida a dois e prepara cafés da manhã que fariam qualquer influencer da família tradicional chorar de inveja. Porque, claro, acorda cedo enquanto ela se atrasa — e a harmonia mora exatamente aí. Ama mesa posta, incensos, pedais, escreve poemas e aprecia um bom filme chato. É aquele tipo cult que assiste cinema argentino (pasmem) por vontade própria enquanto ela, faz chacota disso com regularidade e prazer —sempre preferindo terror que ele encara com quase coragem.
Se amam de forma prática e se escolhem todos os dias, mesmo quando ela esquece a toalha molhada na cama e ele some no mercado por 40 minutos pra escolher o café "ideal".
Este amor não é de contos de fadas. É melhor: é intenso, barulhento, imperfeito e cheio de verdade. Tem rotina, cafés da manhã, sofá dividido e duas pessoas que decidiram ir juntas.
Porque acreditam que o amar não é um morango.
É hardcore!